Vitor Queiroz: O futebol e a pandemia

19-03-2021

O futebol e a pandemia

O futebol sempre teve um papel de forte influência no que refere as políticas públicas, principalmente na nação que o mundo conhece como pais do futebol, o Brasil. Mesmo que uma parte da população e alguns jornalistas defendam a idéia de que não se deve misturar a modalidade com política, esse exercício tem sido feito há tempos, inclusive em vias contrárias, partindo da política para usufruir do futebol para alienar e/ou disseminar idéias, e em contrapartida também é utilizado de espaço de resistência e luta, e no mundo pandêmico atual que vivemos, não têm sido diferente.

O governo brasileiro adotou uma política de negacionismo e priorização da economia em relação à pandemia, e desde o começo vem agindo de forma a arriscar a saúde de todos os brasileiros para seguir girando a roda do capitalismo, como se nada estivesse acontecendo, onde 287 mil pessoas já perderam a vida e o país enfrenta umas das piores crises sanitárias e econômicas da história, e mesmo nesse cenário sombrio e assustador o governo ainda têm 30% de apoio da população, segundo a última pesquisa do data folha com data de março de 2021. Teria sido usado o futebol como instrumento para manter essa aprovação e/ou instigar a população a ser contra medidas de isolamento e negacionismo a ciência?

Após a pausa dos principais campeonatos nacionais em 2020 por conta do agravamento da pandemia, houve vários clubes que se reuniram com o presidente do Brasil para fortalecer a idéia de retorno, não é coincidência que o mesmo têm foto com mais de 20 camisetas de clubes brasileiros diferentes e em um pronunciamento oficial disse que caso fosse contaminado com o vírus, nada sentiria, devido ao seu histórico de atleta.

No país do futebol o jogador é visto como um herói, e a volta dos campeonatos, encoraja a volta a vida normal, em país em plena crise sanitária, a desculpa para o retorno é que os protocolos estão sendo rigorosamente cumpridos, mas mesmo assim houve casos de clubes que praticamente o time todo foi infectado, sem contar a aglomeração de torcidas ao entorno dos estádios, aglomeração em locais públicos e privados para assistir aos jogos e de forma que alimenta toda um ciclo econômico, desde o direitos de transmissão e audiência da mídia ao vendedor ambulante de bebidas que trabalha próximo ao estádio, onde todos esses grupos de forma direta ou indireta vão defender também o retorno do futebol no Brasil, principalmente pelo fato do presidente pouco ter feito em relação ao controle da economia durante a pandemia e auxílios para população continuar sobrevivendo e seguindo as orientações para prevenção da COVID-19, sem precisar arriscar a vida e cobrar o governo um plano de programa eficiente de imunização para todos.

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